terça-feira, 20 de agosto de 2013

Líder dos fiscais agropecuários diz que paralisação busca interlocução com comando do Ministério da Agricultura

Presidente do Anffa Sindical, Wilson Roberto de Sá, critica a nomeação do advogado Rodrigo Figueiredo para a Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa
Wilson Roberto de Sá, presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários
O presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), Wilson Roberto de Sá, em entrevista ao Mercado e Companhia, no Canal Rural, explicou que a atual paralisação da categoria, que iniciou nesta sexta, dia 16, e tem a adesão de cerca de 80% dos trabalhadores, é uma forma de interlocução com a alta administração do Ministério da Agricultura.
– Não gostaríamos de ter um desfecho desses, de ter que utilizar um instrumento desses, que é legítimo, o direito de greve, para podermos ter uma interlocução com a alta direção do Ministério da Agricultura e com o governo. Porque, na verdade, o ministério vem sofrendo, e nós sabemos disso. É só voltar no tempo. Em 2011, nós tivemos uma nefasta administração com Wagner Rossi. Agora, me parece que o desenho que está se formando vai novamente nesta direção.
Além do corte de gastos para o setor, um dos motivos para a greve nacional dos fiscais foi a nomeação do advogado Rodrigo Figueiredo, que foi secretário-executivo do Ministério das Cidades no governo Lula, como novo secretário da Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. Ele assume o cargo no lugar do médico veterinário Ênio Marques, com mais de 40 anos de atuação no ministério. O líder sindical acusou a escolha de aparelhamento político.
– Eu não tenho absolutamente nada contra ele e nem contra qualquer profissional de advocacia. Mas a Secretaria de Defesa Agropecuária, pelas suas competências, exige  alguém que seja da área, que conheça dos setores animal e vegetal. Imagina um advogado falando sobre febre aftosa, helicoverpa e outros tipos de doenças que ameaçam esses dois tipos de segmento e a subsistência do país.
Sá destacou ainda a necessidade de uma recomposição imediata de trabalhadores, já que, segundo ele, o quadro de fiscais conta apenas com 3007 pessoas.
O analista financeiro do Canal Rural, Miguel Daoud, também criticou a escolha do ministério para o novo secretário de Defesa Agropecuária. Ele afirmou que o governo tem a política como moeda de troca e que, muitas vezes, não se leva em consideração se essa pessoa tem condições ou não de ocupar um cargo. Ele comparou a situação a do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão:
– Ele [Lobão] não consegue distinguir uma tomada de um interruptor de luz, no entanto, é ministro de Energia. É isso que ocorre no Brasil e por isso que temos essas dificuldades, e é por isso que o mercado financeiro está instável.
A paralisação dos fiscais agropecuários, que deve durar por tempo indeterminado, vai interferir no funcionamento dos portos, aeroportos e nas atividades de fiscalização de exportações e importações. Apenas a entrada de inseticidas está sendo monitorada. A exportação de soja e a entrada de fertilizantes devem permancer canceladas durante a greve.
Os fiscais federais agropecuários reuniram-se nesta sexta, dia 16, no Ministério da agricultura para fazer uma avaliação do primeiro dia de greve da categoria, que não tem a adesão total dos três mil servidores de todo o país. No aeroporto de Brasília, eles trabalharam normalmente neste primeiro dia.
Na última quarta, dia 14, durante o lançamento de um programa de recuperação ambiental, o ministro Antônio Andrade comentou a substituição na secretaria e afirmou que Ênio Marques assumirá a função de assessor especial no órgão.

Fonte : Portal RURAL/BR, 16/08/2013

FISCAIS AGROPECUÁRIOS DO BRASIL INICIAM GREVE NACIONAL, DIZ SINDICATO

Fiscais agropecuários iniciaram uma greve por tempo indeterminado nesta sexta-feira em todo o país para protestar contra o que chamam de ingerência política e empresarial na nomeação do novo secretário de Defesa Agropecuária.
Segundo o presidente Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA), Wilson Roberto de Sá, "a adesão à greve é bastante grande".
"Diria que mais de 80 por cento (dos fiscais) já aderiram em todo o país", afirmou ele à Reuters, por telefone. Ele acrescentou que a greve foi também convocada para alertar a população de que um contingenciamento de recursos de custeio pelo governo federal está afetando as atividades da categoria.
Os fiscais agropecuários cuidam de inspeções e autorizam a liberação de mercadorias em portos, aeroportos e nas fronteiras, além de acompanharem trabalhos de unidades de abates de bovinos, aves e suínos, entre outras atividades.
Não havia imediatamente informações sobre eventuais problemas causados pela greve nas indústrias de carnes ou para as exportações e importações de grãos e outros produtos agrícolas do país.
O sindicato protesta contra a nomeação, realizada esta semana, do advogado Rodrigo Figueiredo para o cargo de secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.
Para o sindicalista, Figueiredo não tem conhecimentos técnicos para assumir o cargo. "É uma violência contra o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento uma indicação política, um intruso na secretaria, o principal órgão técnico do ministério", afirmou.
O Ministério da Agricultura informou por meio de sua assessoria de imprensa que não vai se manifestar por ora sobre o assunto.
Em nota sobre a nomeação do novo secretário, o governo informou que Figueiredo já foi coordenador-geral de Convênios do Ministério da Agricultura, assessor especial do ministro da Agricultura (Mapa), chefe de Gabinete da Secretaria Executiva do Mapa e assessor da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), tendo atuado na pasta de 1999 a agosto de 2003.
Sá afirmou que não há equipes de fiscais para manter as atividades funcionando minimamente, uma vez que o movimento visa a "radicalização" e deve prosseguir até o novo secretário deixar o cargo.
A Associação Brasileira de Avicultura (Ubabef) informou por meio de sua assessoria de imprensa que é prematuro falar sobre eventuais problemas gerados pela greve, mas que estava levantando informações.
Outras entidades ligadas aos exportadores de grãos e de carnes não tinham representantes imediatamente disponíveis para comentar o assunto.

CONTRA CORTES

Os fiscais também protestam contra a suspensão na liberação de recursos para o custeio, em meio a um contingenciamento de recursos do governo federal.
"No mês de agosto não foi liberado nenhum centavo. Está instalado um caos administrativo. Não vão colocar isso na nossa conta (dos fiscais)", afirmou Sá.
Ele disse ainda que a Defesa Agropecuária recebeu somente metade das verbas previstas em julho.


Por : Roberto Samora e Laiz de Souza, Agência Reuters 16/08/2013

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