quinta-feira, 25 de agosto de 2011


Steve Jobs deixa o comando da Apple...
“Eu sempre disse que se chegasse o dia em que eu não poderia mais cumprir com minhas obrigações e expectativas como CEO da Apple, eu seria o primeiro a avisar. Infelizmente, este dia chegou. Eu, por meio deste, me demito do cargo de CEO da Apple“. Steve Jobs saiu do dia a dia da empresa que fundou há 35 anos.
Como você substitui um homem insubstituível? Tim Cook é o sucessor e já desempenhava o papel de executivo-chefe da Apple desde janeiro. Em março, Jobs subiu ao palco para apresentar o iPad 2, mas era Cook, o responsável por terceirizar a produção e arrumar a logística global da Apple na última década, quem comandava a máquina. Ainda assim, o mercado não gostou do que ouviu: as ações da Apple vêm caindo mais de 5% no after market.
Há executivos maiores que as empresas que fundaram ou lideraram. Larry Ellison, da Oracle. Jack Welch, da General Electric. Rolim Amaro, da Tam. Rupert Murdoch, da News Corp. Lee Iacocca, da Chrysler. Eike Batista, da EBX. É impossível desatrelar um do outro também porque todos foram personagens interessantes. Mas nenhum se compara a Jobs: ele não é apenas um executivo excepcional, mas um personagem ainda melhor.
A Apple é a empresa mais influente da história da computação pessoal, do ousado lançamento do Macintosh em 1984 ao início da era do pós-PC nos últimos anos. Sob a batuta de Jobs, a Apple se especializou em inaugurar – e dominar – mercados. Foi assim com o iPod e os tocadores de MP3. Foi assim com o iPad e os tablets. Foi assim com a iTunes Store e as músicas e vídeos digitais. Foi assim com a Pixar e a animação digital. Foi assim com a App Store e as lojas de aplicativos. Quando não chegou antes, a Apple se tornou referência. O maior exemplo disto são os smartphones. A partir de 2007, as então líderes do setor tinham que responder ao iPhone. Quem não conseguiu (e aí você pode colocar Nokia, Motorola e Microsoft), se deu mal. A Samsung virou vice-líder no setor aproveitando o vácuo da primeira: a Apple, com quem troca tapas e beijos.
Mas não se restringe apenas aos resultados financeiros. A combinação entre jeans, blusa de gola alta e tênis de Jobs também estará em milhões de guarda-roupas. O discurso em Stanford será reproduzido, citado e copiado milhões de vezes em frases de motivação. Cursos tentarão ensinar o timing preciso das suas apresentações a executivos estabanados. De uma hora para outra, “Stay hungry, stay foolish” passou de frase perdida na contracapa de uma revista a mantra. A história da adoção, o abandono da faculdade, a luta contra o câncer de pâncreas, a demissão da empresa que ajudou a fundar, o amor incondicional aos Beatles e a Bob Dylan… As pessoas têm Steve Jobs como referência e isto extrapola qualquer esfera corporativa.
Em 14 anos, Steve Jobs transformou uma empresa prestes a falir na mais valiosa do mercado e está saindo do dia a dia (já que continuará como presidente do conselho) no auge. “Isto não é o show de um homem só”, disse Jobs à Business Week em 1998 sobre o simbolismo do seu retorno à Apple. Continua não sendo – Cook, o magrelo workaholic viciado em pedalar, é o novo maestro de uma empresa que parece estar nos trilhos para os próximos anos de crescimento. O  legado de Jobs  - na tecnologia ou fora dela – já está consolidado. Mas como substituir um cara destes? Não se substitui.

Fonte: Época Negócios

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