Líder
dos fiscais agropecuários diz que paralisação busca interlocução com comando do
Ministério da Agricultura
Presidente do Anffa Sindical, Wilson Roberto de Sá,
critica a nomeação do advogado Rodrigo Figueiredo para a Secretaria de Defesa
Agropecuária do Mapa
Wilson Roberto de Sá, presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais
Federais Agropecuários
O presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários
(Anffa Sindical), Wilson Roberto de Sá, em entrevista ao Mercado e Companhia, no
Canal Rural, explicou que a atual paralisação da categoria, que iniciou nesta
sexta, dia 16, e tem a adesão de cerca de 80% dos trabalhadores, é uma forma de
interlocução com a alta administração do Ministério da Agricultura.
– Não gostaríamos de ter um desfecho desses, de ter que utilizar um
instrumento desses, que é legítimo, o direito de greve, para podermos ter uma
interlocução com a alta direção do Ministério da Agricultura e com o governo.
Porque, na verdade, o ministério vem sofrendo, e nós sabemos disso. É só voltar
no tempo. Em 2011, nós tivemos uma nefasta administração com Wagner Rossi.
Agora, me parece que o desenho que está se formando vai novamente nesta direção.
Além do corte de gastos para o setor, um dos motivos para a greve
nacional dos fiscais foi a nomeação do advogado Rodrigo Figueiredo, que foi
secretário-executivo do Ministério das Cidades no governo Lula, como novo
secretário da Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. Ele assume o
cargo no lugar do médico veterinário Ênio Marques, com mais de 40 anos de
atuação no ministério. O líder sindical acusou a escolha de aparelhamento
político.
– Eu não tenho absolutamente nada contra ele e nem contra qualquer
profissional de advocacia. Mas a Secretaria de Defesa Agropecuária, pelas suas
competências, exige alguém que seja da área, que conheça dos setores animal e
vegetal. Imagina um advogado falando sobre febre aftosa, helicoverpa e outros
tipos de doenças que ameaçam esses dois tipos de segmento e a subsistência do
país.
Sá destacou ainda a necessidade de uma recomposição imediata de
trabalhadores, já que, segundo ele, o quadro de fiscais conta apenas com 3007
pessoas.
O analista financeiro do Canal Rural, Miguel Daoud, também criticou a
escolha do ministério para o novo secretário de Defesa Agropecuária. Ele afirmou
que o governo tem a política como moeda de troca e que, muitas vezes, não
se leva em consideração se essa pessoa tem condições ou não de ocupar um cargo.
Ele comparou a situação a do ministro de Minas e Energia, Edison
Lobão:
– Ele [Lobão] não consegue distinguir uma tomada de um interruptor de
luz, no entanto, é ministro de Energia. É isso que ocorre no Brasil e por isso
que temos essas dificuldades, e é por isso que o mercado financeiro está
instável.
A paralisação dos fiscais agropecuários, que deve durar por tempo
indeterminado, vai interferir no funcionamento dos portos, aeroportos e nas
atividades de fiscalização de exportações e importações. Apenas a entrada de
inseticidas está sendo monitorada. A exportação de soja e a entrada de
fertilizantes devem permancer canceladas durante a greve.
Os fiscais federais agropecuários reuniram-se nesta sexta, dia 16, no
Ministério da agricultura para fazer uma avaliação do primeiro dia de greve da
categoria, que não tem a adesão total dos três mil servidores de todo o país. No
aeroporto de Brasília, eles trabalharam normalmente neste primeiro dia.
Na última quarta, dia 14, durante o lançamento de um programa de
recuperação ambiental, o ministro Antônio Andrade comentou a substituição na
secretaria e afirmou que Ênio Marques assumirá a função de assessor especial no
órgão.
Fonte : Portal RURAL/BR, 16/08/2013
FISCAIS AGROPECUÁRIOS
DO BRASIL INICIAM GREVE NACIONAL, DIZ SINDICATO
Fiscais agropecuários iniciaram uma greve por tempo
indeterminado nesta sexta-feira em todo o país para protestar contra o que
chamam de ingerência política e empresarial na nomeação do novo secretário de
Defesa Agropecuária.
Segundo o presidente Sindicato Nacional dos Fiscais Federais
Agropecuários (ANFFA), Wilson Roberto de Sá, "a adesão à greve é bastante
grande".
"Diria que mais de 80 por cento (dos fiscais) já aderiram em todo o
país", afirmou ele à Reuters, por telefone. Ele acrescentou que a greve foi
também convocada para alertar a população de que um contingenciamento de
recursos de custeio pelo governo federal está afetando as atividades da
categoria.
Os fiscais agropecuários cuidam de inspeções e autorizam a liberação de
mercadorias em portos, aeroportos e nas fronteiras, além de acompanharem
trabalhos de unidades de abates de bovinos, aves e suínos, entre outras
atividades.
Não havia imediatamente informações sobre eventuais problemas causados
pela greve nas indústrias de carnes ou para as exportações e importações de
grãos e outros produtos agrícolas do país.
O sindicato protesta contra a nomeação, realizada esta semana, do
advogado Rodrigo Figueiredo para o cargo de secretário de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura.
Para o sindicalista, Figueiredo não tem conhecimentos técnicos para
assumir o cargo. "É uma violência contra o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento uma indicação política, um intruso na secretaria, o principal
órgão técnico do ministério", afirmou.
O Ministério da Agricultura informou por meio de sua assessoria de
imprensa que não vai se manifestar por ora sobre o assunto.
Em nota sobre a nomeação do novo secretário, o governo informou que
Figueiredo já foi coordenador-geral de Convênios do Ministério da Agricultura,
assessor especial do ministro da Agricultura (Mapa), chefe de Gabinete da
Secretaria Executiva do Mapa e assessor da Secretaria de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo (SDC), tendo atuado na pasta de 1999 a agosto de
2003.
Sá afirmou que não há equipes de fiscais para manter as atividades
funcionando minimamente, uma vez que o movimento visa a "radicalização" e deve
prosseguir até o novo secretário deixar o cargo.
A Associação Brasileira de Avicultura (Ubabef) informou por meio de sua
assessoria de imprensa que é prematuro falar sobre eventuais problemas gerados
pela greve, mas que estava levantando informações.
Outras entidades ligadas aos exportadores de grãos e de carnes não
tinham representantes imediatamente disponíveis para comentar o
assunto.
CONTRA CORTES
Os fiscais também protestam contra a suspensão na liberação de recursos
para o custeio, em meio a um contingenciamento de recursos do governo
federal.
"No mês de agosto não foi liberado nenhum centavo. Está instalado um
caos administrativo. Não vão colocar isso na nossa conta (dos fiscais)", afirmou
Sá.
Ele disse ainda que a Defesa Agropecuária recebeu somente metade das
verbas previstas em julho.
Por : Roberto Samora e Laiz de Souza, Agência
Reuters 16/08/2013